No Subúrbio de Salvador, as pessoas utilizam diversas formas de transporte, mas duas intervenções marcantes nesse âmbito tiveram um impacto profundo na história da região: a ferrovia e a Avenida Suburbana.
 

A primeira dessas intervenções foi a implantação da ferrovia na Bahia entre 1860 e 1863, com a abertura da linha-tronco da Viação Férrea do Leste Brasileiro (VFFLB), que conectava a Bahia ao Rio São Francisco. A ferrovia foi fundamental para o povoamento do Subúrbio, conectando diversos bairros através de uma infraestrutura que incluía oficinas, residências operárias e estações. Embora tenha surgido em um contexto colonialista, a ferrovia foi gradualmente ressignificada pela população majoritariamente negra do Subúrbio, que passou a se apropriar desse espaço e a integrá-lo à sua identidade. Esse processo deu origem ao nome "Subúrbio Ferroviário de Salvador" (SFS), refletindo a conexão simbólica entre a ferrovia e o território. Ao longo do tempo, o trajeto original do trem foi reduzido, e, a partir da década de 1980, o sistema de trens do Subúrbio ficou restrito a uma linha única, ligando o bairro da Calçada, na Cidade Baixa, ao Subúrbio. Em 2021, durante a gestão do governador Rui Costa, a ferrovia foi completamente extinta.
 

A segunda intervenção significativa no Subúrbio foi a abertura da Avenida Afrânio Peixoto na década de 1970, como parte do processo de expansão urbana de Salvador na segunda metade do século XX. A construção da avenida resultou em um aumento populacional, especialmente de forma informal, na região.
 

Uma intervenção mais recente foi a implantação do terminal marítimo de travessias Plataforma-Ribeira, requalificado em setembro de 2014. Esse terminal conecta o Subúrbio à Cidade Baixa por meio do mar, oferecendo uma nova opção de transporte. Embora não tenha gerado o mesmo impacto histórico ou transformações urbanas significativas como as intervenções anteriores, o terminal já se integra fortemente ao território, que possui um vínculo profundo com o mar, elemento essencial à sua identidade cultural e social.

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Texto: Caroline Souza